Já mergulhou na história cativante de Boys Meet Maria? Se não, você está prestes a se encantar com uma das obras mais emocionantes e inspiradoras do mundo do BL (Boys Love)! Uma criação vibrante de Kousei Eguchi (PEYO), o mestre por trás de tanto encanto nas palavras e ilustrações.
GATILHOS: ABUSO INFANTIL, ABUSO FAMILIAR, HOMOFOBIA.
Nascido nas páginas da revista Canna, da renomada editora Printemps Shuppan, no Japão, este mangá maravilhoso floresceu em outubro de 2017 e desabrochou em novembro de 2018, conquistando corações em um único e inesquecível volume. No Brasil a obra foi lançada pela a NEWPOP em julho de 2022 (a mãe das gays fanfiqueiras e fãs de bl).
Sinopse:
''Taiga, que sempre teve uma grande admiração por heróis desde sua infância, encontra sua garota predestinada assim que entra para o colegial. Essa garota é a Madonna do clube de teatro, mais conhecida como “Maria”. No dia em que se apaixonou por Maria, após vê-la dançando em cima do palco de forma chamativa, Taiga se declara pedindo para que ela seja sua heroína, porém fracassa completamente. A tão aclamada Madonna na verdade era um homem…'' - sinopse retirada do site NEWPOP.
Minhas impressões:
De primeira você não entende o porquê do mangá ser tão adorado por várias pessoas, a capa é linda e a sinopse te faz querer ler e entender. Mas tudo isso muda quando você começa a ler, cada página, painel te prende de maneira insana. (exagerei? talvez.) Vemos o adorável Taiga mergulhado em um emocionante programa de super-heróis, sua determinação brilhando intensamente enquanto ele se inspira a se tornar um verdadeiro "herói". Seu desejo ardente é iluminado pela vontade de ajudar a salvar ''donzelas em perigo''. Com o passar dos anos, somos transportados no tempo, e lá está Taiga, embarcando em uma nova jornada ao ingressar no clube de teatro de sua escola. Nesse palco de sonhos e expressão, Taiga vislumbra uma nova aspiração: a de se tornar um ator talentoso. O clube de teatro é uma tela onde cores vivas da imaginação ganham vida, e é lá que ele encontra a encantadora "Maria" (Arima), alguém que faz seu coração dançar com um interesse especial.
''BOYS MEET MARIA'' é uma obra admirável, praticamente impecável em sua execução. No entanto, um aspecto que poderia ser considerado como uma limitação é a sua extensão, já que se encerra em um único volume. A trama é profundamente comovente e, como mencionado anteriormente, ela mantém o leitor envolvido do início ao fim. A relação entre os protagonistas é desenvolvida de maneira simples e, de certa forma, até um tanto "complexa", mas cada evento é retratado com uma notável sensibilidade.
Imagine um mangá que mistura romance e drama com maestria, situado em um clube de teatro no ensino médio. Taiga, corajoso e destemido, está determinado a conhecer o verdadeiro Yuu e a aceitar a maravilhosa identidade fluida desse personagem. Não se trata apenas de uma história de amor, é uma jornada de autodescoberta e aceitação pessoal, recheada de momentos emocionantes e reviravoltas inesperadas.
Arima e Taiga se destacam como personagens extremamente envolventes, e ao longo da narrativa, eles passam por um desenvolvimento muito bem elaborado. Suas histórias individuais são exploradas de forma abrangente, o que nos permite compreender profundamente as razões por trás de suas personalidades e ações.
A narrativa retrata Arima em situações extremamente desconfortáveis e cruéis. O background do personagem carrega um peso significativo, pois ele enfrentou abusos durante a infância por parte de um professor de sua antiga escola. O protagonista lida com uma complexa jornada de autodescoberta desde seus primeiros anos. Contra sua vontade, sua mãe o vestia com roupas consideradas "femininas", influenciando seu comportamento. Quando adotava a identidade de Maria, ele se tornava alguém que capturava a atenção das pessoas, gerando um interesse distinto em sua "versão" feminina. Em contrapartida, como Arima, sua presença era percebida como mais "imponente" ou menos agradável.
Para Taiga, a situação de seu passado é marcada pelos traumas que ele carrega em relação ao seu pai. Desde de pequeno, ele nutria a crença de viver em um conto de fadas, porém, lamentavelmente, a realidade se mostrou bem diferente. Taiga perdeu sua mãe quando ainda era muito jovem, sendo ela vítima de um relacionamento abusivo.
As discussões de gênero ao longo da história são tratadas com uma autenticidade e sensibilidade notáveis. PEYO teve o cuidado de escrever de maneira que nos permite compreender a realidade à qual estamos expostos. É de grande relevância contarmos com obras como essa, que abordam tais assuntos de maneira tão significativa.
Boys Meet Maria transcende as páginas do mangá, tocando em temas cruciais como a experiência transgênero, a importância da autoaceitação e a superação pessoal. É uma explosão de sentimentos positivos e uma celebração da diversidade de gênero, tudo mesclado em uma narrativa emocionante.
ARTE, DETALHES
importância e a representatividade
"Boys Meet Maria" é um mangá de notável significado e relevância para a comunidade transgênero. Esta história sensível e comovente mergulha na vida de um personagem que busca sinceramente sua identidade, desafiando as expectativas de gênero impostas desde o nascimento e enfrentando os obstáculos e preconceitos do mundo.
Além disso, o mangá explora com ternura o tema do amor entre indivíduos do mesmo sexo biológico, mas com identidades de gênero distintas. Essa abordagem delicada revela como a complexidade das relações pode ser enriquecedora e inspiradora.
"Boys Meet Maria" é mais do que uma história; é um veículo de visibilidade e respeito para aqueles na comunidade transgênero, frequentemente marginalizados e discriminados. Também serve como uma ferramenta de educação, convidando os leitores a explorar a riqueza da diversidade de gênero e sexualidade. Ele nos lembra da importância fundamental de aceitar e apoiar aqueles que são diferentes de nós. Esta obra celebra a liberdade de expressão e a singularidade de cada indivíduo, transmitindo a mensagem inspiradora de que o amor pode triunfar sobre as barreiras sociais e culturais. "Boys Meet Maria" é uma fonte inesgotável de inspiração e emoção, um tesouro que merece ser descoberto por todos aqueles que valorizam narrativas que tocam profundamente o coração.
Quem foi PEYO?
Peyo, um talentoso mangaká japonês, partiu delicadamente em 2019, com apenas 23 anos, devido a uma triste doença cardíaca. Em seu curto tempo aqui, ele nos presenteou com duas obras preciosas: "Boy Meets Maria" e "Kimio Alive," ambas abraçando com ternura as temáticas LGBTQIA+. Ele também era uma pessoa gentil e humilde, que agradecia pelo apoio e carinho dos seus leitores. Peyo deixou um legado importante para a cultura mangá e para a comunidade transgênero. Sua morte foi lamentada por muitas pessoas, que prestaram homenagens e tributos ao seu trabalho.
Numa entrevista tocante à revista Canna, no ano de 2018, Peyo compartilhou suas palavras sobre o significado e o impacto especial de sua obra, que continua a tocar os corações mesmo após sua partida.
“Eu queria criar histórias que pudessem tocar o coração das pessoas, que pudessem fazer elas se sentirem menos sozinhas e mais compreendidas. Eu sei que existem muitas pessoas que sofrem por causa do seu gênero ou da sua sexualidade, que são rejeitadas ou discriminadas pela sociedade. Eu queria mostrar que elas não estão erradas, que elas são lindas e merecem ser felizes. Eu queria que elas se identificassem com os meus personagens, que se emocionassem com as suas jornadas, que se inspirassem com as suas superações. Eu queria que elas vissem que o amor é possível, mesmo quando parece impossível. Eu queria que elas tivessem esperança.”
COMO POSSO AJUDAR A COMUNIDADE TRANSGENERO?
Denunciar a discriminação e a violência contra as pessoas transgênero, seja no ambiente de trabalho, na escola, na família ou na sociedade. Você pode procurar órgãos de defesa dos direitos humanos, como o Disque 100, ou organizações da sociedade civil, como a ANTRA .
Respeitar a identidade de gênero e os pronomes das pessoas transgênero, e corrigir quem os desrespeitar. Por exemplo, se alguém se refere a uma mulher trans como “ele”, você pode dizer “ela é uma mulher, por favor, use o pronome feminino”.
Promover o entendimento e a compaixão, afastando estereótipos e preconceitos que erroneamente ligam as pessoas transgênero a estigmas como doenças, violência, prostituição ou desvio. Cada indivíduo transgênero é único e merece ser tratado com dignidade e respeito, plenamente exercendo seu direito à cidadania.
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